Tragédia no futebol africano

Lamentável o ocorrido na região de Cabinda, em Angola, onde será disputada a Copa Africana de Nações. A seleção de Togo, para quem não teve a oportunidade de acompanhar na mídia, foi metralhada dentro do próprio ônibus, durante o transporte para a sede da competição, em região próxima àquela na qual a atrocidade, incessantemente noticiada pela imprensa (e com razão), aconteceu.

Como consequência, a seleção de Togo decidiu abandonar a competição. Um de seus principais astros, o atacante Adebayor, chocado com o ocorrido, retorna para seu clube, o Manchester City-ING, com a garantia de que terá todo o tempo necessário para se recuperar do trauma. O saldo do episódio é, até o presente momento, de três mortos, dois jogadores e o motorista do ônibus togolês. Muitos outros passageiros também ficaram feridos.

Infelizmente, tudo isso se deve a uma questão política. Cabinda, apesar de não estar fisicamente inserida em território angolano, é uma das dezoito províncias do país de língua portuguesa. Está situada entre o Congo e a República Democrática do Congo (antigo Zaire). A região, rica em petróleo, vive em meio a um conflito separatista que perdura desde a independência de Angola, em 1975.

Lamentável é uma das palavras (se é que existem palavras para se reportar a um fato tão digno de repúdio). É triste ver que o futebol, um espetáculo feito para divertir o público, tenha se tornado não apenas um negócio, mas palco de tragédias como essa. Não são raros os casos de violência no esporte, mas fica a torcida para que haja o mínimo de bom senso a partir de agora quanto à escolha das sedes das competições.