Números e mais números, especulações, gente comprando, gente vendendo. Milhões passando de um lugar para o outro, e por causa de uma frase, um fato ocorrido ou uma declaração de gente influente, e algo que valia ouro agora vale lata. É assim na bolsa de valores, é assim no futebol brasileiro.
Se considerarmos os jogadores de futebol como ações de uma empresa, a semelhança é maior ainda. Vou expressar aqui a minha opinião sobre esse período de contratações e boatos pelo qual estamos passando. Tenho uma percepção diferente das coisas e de como elas acontecem. Pode ser que após ler esse texto, suas conclusões à respeito desse tema mudem um pouco, pode ser que não, veremos.
Mostrei para vocês agora no comecinho do texto como o mercado de ações pode ser parecido com o vai e vem do mercado de jogadores profissionais. Além do fluxo de dinheiro e da (des) valorização de ações (ou jogadores) mediante a fatos, boatos ou declarações. Vou mostrar por que aluns outros conceitos aplicáveis à Nasdaq, Ibovespa e Dow Jones podem ser vistos e percebidos no Flamengo, no Vasco, no Corinthians, no São Paulo, no Milan...
Sigilo de informações
Vejo muitos torcedores reclamando que enquanto time A ou time B contratam, seu time está parado e não está se reforçando. Não acreditem nisso. O que acontece é o seguinte: é MUITO melhor para o time e para a negociação que a contratação não caia na mídia e que o torcedor não saiba. Por quê? Simples. Negociação envolvendo milhões é uma coisa lenta, demorada, meticulosa. Ninguém sai assinando cheque à torto e à direito, não existem contratos de gaveta e jogador não tem preço etiquetado na testa. Sendo assim, para o seu clube pagar menos pelo jogador que quer, é importante que ele leve um tempo barganhando com o empresário do atleta, já que estão em jogo passe, luvas, salário, premiação e tempo de contrato. Vocês acham mesmo que tudo isso é decidido em um dia, uma semana, um mês? Raramente.
O que acontece normalmente é o seguinte: No meio da temporada, o time B se interessa pelo meia Fulano da equipe A. Mandam uma pessoa ligada ao clube para falar com o empresário do meia e avaliar a situação do jogador (quanto tempo de contrato, quanto pagam de salário, qual é a moral que tem com a torcida, etc.). Com essas informações, ele volta ao clube. Se o clube gostar do cara, a conversa é com o departamento de futebol do time A. Hoje em dia jogador de futebol é como uma empresa S.A. (sociedade anônima), ou seja, a negociação pode envolver mais de um dono dos direitos do jogador. Tendo isso em vista, uma negociação pode começar em junho e ser fechada apenas em fevereiro. Ora, mas por que o sigilo é interessante? Por que se cai na mídia, esta cria uma novela, tentando todos os dias dar uma notícia sobre o jogador. O torcedor, impaciente, vê o nome do clube relacionado ao cara por cinco dias seguidos e acha que está demorando demais. Além disso, um time de maior expressão e poder econômico pode atravessar a negociação, fazendo o que era uma tentativa de barganhar virar um leilão. Entenderam agora? Creio que nenhum flamenguista se lembra de "novela Álvaro" ou "novela Maldonado". Ambos fecharam com o clube da Gávea e se apresentaram sem nenhum alarde. Seus nomes foram veiculados já com tudo acertado. Agora imagina se um mês antes do acerto aparece na mídia: "Flamengo luta por Maldonado". Aí aparecem Cruzeiro, São Paulo, Santos, Grêmio, Corinthians... querendo oferecer mais ao empresário. Ele, que não é bobo, vai negociar com quem fizer a melhor proposta, e não por ordem de chegada. E é nesse quesito que o Flamengo se mostra eficiente nas contratações. O clube nesses últimos anos usa um jogador de nome como cortina de fumaça para a imprensa. Lança nome e vontade de contratá-lo para a mídia e sai para conversar com outros jogadores. Enquanto os jornais noticiam que o Felipe pode vir dos emirados para o Fla, o clube conversa com Emerson, Álvaro, Willians... sem ninguém querendo dar lance mais alto, sem torcedor atrapalhar as negociações e sem interferência da mídia e dos gatos mestres que são especialistas em falar mal de jogadores contratados sem nem esperar para vê-los em ação.
Ações em alta e ações em baixa.
Outro exemplo mais fácil de ser contado é o de Adriano: a Internazionale de Milão deu Vampeta e pegou Adriano e Reinaldo (o que jogou no Botafogo em 2009). Vejam hoje quanto vale o Imperador.
Com isso, deixo claro dois tópicos que espero ter esclarecido, e espero ter aumentado o ponto de vista de vocês, mostrando que o fato de a mídia não noticiar (felizmente) não quer dizer que seu time não está tentando se reforçar, e que aquele jogador que aparentemente é fraco pode ser um monstro, só está no lugar errado ou na hora errada. Então, da próxima vez que o seu jornal colocar a parte de esportes colada com a de economia, certifique-se de ler o caderno todo. Até a próxima.
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