22 de abr. de 2010

De Fora da Jogada - A cor do futebol


Lamentável a ocorrência de mais um caso de racismo no futebol. Na última quarta-feira (14/04), no Palestra Itália, em partida entre Palmeiras x Atlético/PR válida pela Copa do Brasil, o zagueiro alviverde Danilo desfere ofensas racistas a Manoel, além de cuspir no defensor do clube paranaense. Era de se esperar que os dois tivessem consciência de que nasceram num país amplamente miscigenado mas, assim como em inúmeros casos já vistos, os protagonistas esqueceram desse detalhe. Muito digna foi a reação da torcida do Furacão a esse ato, indo para o jogo de volta, na Arena da Baixada com metade do rosto pintada de preto, em defesa da igualdade racial. Além disso, formou um mosaico com a palavra "Respeito" num setor das arquibancadas. O detalhe da partida foi que, no momento em que os jogadores se cumprimentam, antes de a bola rolar, Manoel não estendeu a mão a Danilo, e a cena repercutiu tanto quanto a agressão.

Relembrando outros casos de racismo no futebol, em 2004, o camaronês Samuel Eto'o foi vítima de ofensas racistas na partida entre Barcelona e Getafe, válida pelo Campeonato Espanhol. O mesmo ocorreu em 2005 com o marfinense Marc Zoro, que chorou durante partida entre Messina, equipe pela qual atuava, e Inter de Milão, ao ser insultado pela torcida. O jogador fez menção de abandonar o campo, mas foi consolado por Adriano e Obafemi Martins, então jogadores do clube milanês.

Ainda em 2005, Grafite foi vítima de preconceito racial por parte do zagueiro argentino Desábato, em partida entre São Paulo e Quilmes, válida pela Libertadores. Após ter sido expulso por empurrar o rosto de Desábato, o atual atacante do Wolfsburg relatou ter sido ofendido pelo zagueiro. Revoltado, Grafite prestou queixa. O argentino foi detido e só liberado no dia seguinte. No mesmo ano, Tinga, então atleta do Internacional, ouviu ofensas de cunho racista por parte da torcida do Juventude, em duelo no Alfredo Jaconi válido pelo Campeonato Brasileiro. O ex-colorado não levou o caso á polícia, tendo preferido deixar a cargo do árbitro da partida o relato do ocorrido na súmula da partida.

Esta não foi a única vez em que o clube da serra gaúcha foi protagonista. O atual técnico do palmeiras, Antônio Carlos Zago, zagueiro do Juventude em 2006, insultou o volante Jeovânio, do Grêmio, com termos racistas, além de esfregar os dedos no braço, em sinal claro de preconceito. Ao ter seu nome cogitado para técnico do Vasco, após a saída de Vagner Mancini, e para o comando do Palmeiras, o técnico foi taxado de preconceituoso por ambas as torcidas. No entanto, sua ida para o Palestra Itália se concretizou.

Outro caso que marcou o futebol brasileiro, desta vez mais recente, foi a ofensa ao volante do Cruzeiro Elicarlos pelo atacante argentino Maxi Lopez, durante partida entre Grêmio e Cruzeiro, pela Libertadores de 2009. O atleta celeste prestou queixa na delegacia após a partida, e o caso se estendeu pela madrugada.

É triste ver um esporte que tem como princípio o entretenimento ser poluído por atitudes de cunho racista. Hoje, o preconceito racial configura crime hediondo. No entanto, esse aperto na lei parece não diminuir as ocorrências da devida maneira, sendo nós, espectadores, obrigados a conviver com mais e mais casos. A pergunte é: "até quando?"...

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